domingo, 2 de outubro de 2011

KAIRÓS

"Acaso alguém espera o que vê?" (Rm 8, 24)

Na deserta e fria noite,
dominada pela tempestade ruidosa,
entre arruinadas florestas tomadas
pelos escombros das sombras e do medo;
nada se anuncia, o inverno verga
a pálida paisagem cinza dos anos.

(...)

Invisível porém aos olhos, no útero do tempo,
a semente a-guarda oportuno instante.
No silêncio quente e úmido das brumas
a dádiva gesta-se à flor da terra:
serenas águas fecundam os mares,
o vento afaga ancestrais florestas,
fogueiras seguem iluminando os passos
dos que perseveraram na noite escura...

Nenhuma sombra mais assombra,
nem mesmo bruma agora oculta;
arvora-se a vida, ávida encanta-se solar
a perene primavera: a Graça Divina.

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