quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

EPIPHANIA

Por sobre o ruído
das multidões anônimas
das cidades cotidianas,
e o silêncio
arruinado pela angústia
da noite escura...
eu escuto teus passos
que se apressam
em anunciar a chegada
do dia !

Lá, na periferia do mundo,
entre os esquecidos
e os rejeitados...
Lá, em um canto qualquer
de um banco de praça...
Lá onde ninguém
sensato espera...
nos chega a Primavera
à criação inteira,
que entre dores,
geme e sofre,
sorri e canta;
em expectativa
o crístico parto.

Enquanto o sistema
traça seus laços...
uma Criança se aninha
no útero da Terra;
e bendizendo a vida,
ao nascer
mata a morte.

Ela nasce siderada
pela esperança
dos que amam,
pela fé daqueles
que fitam
o justo horizonte...
pelo amor
dos que sonham
com-paixão:
um Reino sem reis
aonde impera
a comunhão
e lei, assinada no coração,
dita a alegria da Graça.

Em um canto qualquer...
a flor anuncia-se
nos campos da Terra,
e rompendo o asfalto
(frio e falso do tempo)
abre-se à eternidade
do definitivo instante:
Ei-la, a Criança;
divina porque humana,
a cantar o re-novo canto:
‘o Reino de Deus está
no meio de nós...’

Nenhum comentário:

Arquivo do blog